quinta-feira, 29 de julho de 2010

Morre o cientista carioca Marcomede Rangel, Astrônomo do ON



 Recebo com grande tristeza, a notícia da Morte do Amigo e Astrônomo Marcomede Rangel Nunes no dia 27 de julho de 2010. Grande incentivador dos astrônomos amadores, foi meu chefe durante o tempo em que estagiei no Museu do ON. Auxiliou-me na confecção do Jornal “O Universo” ( o único jornal sobre astronomia publicado no Brasil).


Admirador de Rosinha Garotinho, dizia com orgulho que, com a sanção dela ao projeto de lei de Adroaldo Peixoto, o Estado do Rio tornou-se o primeiro do Brasil a ter um dia em homenagem ao Astrônomo. Pelos serviços prestados na esfera da ciência, Marcomede foi agraciado com a Medalha Tiradentes pela Assembléia Legislativa do Estado.

Físico de fama internacional MARCOMEDE RANGEL NUNES era carioca de São Cristóvão, Graduado em Bacharel e Licenciado em Física (1976-1979) pela Faculdade de Humanidades Pedro II. Do seu vasto currículo consta a especialização em Jornalismo (1983) pela Universidade Estácio de Sá. Mestre em Estudos Brasileiros (1984-1989), pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - (UERJ), com a dissertação “Sobre a participação científica brasileira na Antártica”. Análise do Programa Antártico Brasileiro - Proantar.

Trabalhava no Observatório Nacional desde 1968, quando começou observando o sol, aos 17 anos, o que lhe valeu uma crônica da escritora Dinah Silveira de Queiroz, em 1969, intitulada “O Dono do Sol” no Jornal do Commercio. Atuou nos departamentos de Astronomia (Sol, asteróides, cometas e estrelas duplas), Geofísica (Gravimetria) e Serviço da Hora. Possui mais de 20 obras publicadas entre livros e mapas.

Durante suas andanças pelo Brasil, na época do cometa Halley (1985-1986) em palestras, conferências e lançamento de livros e mapas, Ziraldo o intitulou “Marcometa”. Sobre seu livro a respeito das crianças indígenas, “Oku-Curi” em parceria com Felicitas Barreto, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu, em 1980: - delícia de história em que imagem e texto se combinam para ensinar a gente a compreender melhor os índios”.

Marcomede assessorou o arquiteto Sergio Bernardes na parte astronômica do projeto do concurso internacional “Parc de La Villete, Paris; e o arquiteto Oscar Niemeyer, na construção do” relógio de Sol de Brasília”, com 5 metros e meio de altura.

Já viajou sete vezes à Antártica, pelo Programa Antártico Brasileiro / Secretaria da Comissão Interministerial para Recurso do Mar - Secirm, tendo embarcado duas vezes no navio Barão de Teffé, da Marinha do Brasil e uma vez no navio Ary Rangel, e voado nos aviões Hércules C-130 da FAB. A primeira viagem foi em 1984, período pioneiro do Brasil na região gelada, quando se tornou o primeiro brasileiro a medir a radiação solar na Antártica, como representante do Instituto Brasileiro de Estudos Antárticos e do Observatório Nacional.

Sócio fundador da Sociedade Brasileira de História da Ciência - SBHC. Membro efetivo da Academia Nacional de Letras e Artes - ANLA. Em 1993 ganhou a Medalha “Amigo da Marinha”, pelo seu trabalho de divulgação do Brasil na Antártica, e em 2000 a “Medalha Pedro Ernesto”, proposto pelo vereador Chico Aguiar, sobre sua obra na divulgação da Ciência, dado pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Recebeu moções de louvor e reconhecimento pelo seu trabalho pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro e a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Manteve colunas de Ciências para crianças e jovens nos jornais: do Brasil e O Globo, tendo escrito também para a Folha de São Paulo (Folhinha) e o Estado de São Paulo (Estadinho). Implantou em 1975 a coluna “O Tempo” no jornal O Globo. Escreveu para várias revistas entre elas Geográfica Universal, Manchete, Fatos e Fotos, Ecologia e Desenvolvimento.Integrou o Grupo de Mémoria e Divulgação (1982), o Núcleo de História da Ciência (1983) e o Projeto Memória da Astronomia e Ciência Afins (1984). Projetos do CNPq, no âmbito do Observatório Nacional, objetivando a implantação de um Museu de Ciências do Observatório Nacional, que acabou culminando com a criação do Museu de Astronomia (1985).

Participou da implantação dos planetários de Feira de Santana (1997) e de Belém (Sebastião Sodré da Gama), no Pará (1999), sugerindo sua criação após a observação do eclipse anular do Sol de 1985 na cidade observando o interesse da população pelo fenômeno; e do Museu do Eclipse, em Sobral, Ceará (1999), realizando a pesquisa iconográfica.

Sugeriu o nome, sendo aceito pelo governo da cidade, para escola de ensino médio, em São João da Barra (RJ), de “Domingos Fernandes da Costa”, astrônomo do Observatório Nacional que deu grande contribuição à Ciência, tendo inclusive estado com o cientista Albert Einstein, no Rio de Janeiro em 1925. Possui artigos publicados no Brasil e no exterior, com várias viagens internacionais, para visitas técnicas e estágios.

Que o Criador do Universo, através do Santo Espírito, console os corações dos amigos e familiares.

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